O que são biocombustíveis?
Os biocombustíveis avançados são combustíveis derivados de fontes orgânicas, como a biomassa e os resíduos orgânicos. São uma das principais soluções para reduzir as emissões da mobilidade de forma rápida e eficiente nos próximos anos.
Já fazem parte do nosso quotidiano. O combustível fornecido nas estações de serviço já contém mais de 10% de combustível proveniente de fontes renováveis, em conformidade com a regulamentação atual.
Em linha com o nosso compromisso de ser uma empresa com zero emissões líquidas até 2050, desenvolvemos e produzimos biocombustíveis avançados, utilizando diferentes processos industriais.
Como são produzidos os biocombustíveis?
Para a obtenção de biocombustíveis avançados, a biomassa, material de origem orgânica, vegetal ou animal, é transformada através de processos mecânicos, termoquímicos e biológicos. Assim, consoante a origem da matéria-prima e os processos utilizados para a sua obtenção, são classificados da seguinte forma:
Biocombustíveis de primeira geração: são combustíveis obtidos a partir de culturas agrícolas. Os biocombustíveis de primeira geração são um combustível de transição, uma ponte para os biocombustíveis avançados. A sua utilização será progressivamente limitada, mas, entretanto, cumprem os critérios de sustentabilidade e de redução da pegada de carbono estabelecidos pela diretiva europeia relativa às energias renováveis e toda a sua cadeia de valor é certificada e auditada. Exemplos destes biocombustíveis são os criados a partir de óleos vegetais, como o bioetanol e o biodiesel.
Biocombustíveis avançados ou de segunda geração: provêm de resíduos orgânicos que não se destinam nem competem com os alimentos, provenientes das indústrias agroalimentar e florestal, de óleos alimentares usados e da fração orgânica dos resíduos urbanos. A utilização destes resíduos favorece a reutilização de recursos e reduz a chegada de resíduos aos aterros. Neste caso, como o gasóleo renovável (HVO), o combustível de aviação sustentável (SAF), o biogás e o biometano.
Biocombustíveis de terceira geração: estes combustíveis são extraídos de algas e plantas aquáticas com um teor natural de óleo de pelo menos 50%. Este biocombustível ainda não é produzido à escala comercial.
Biocombustíveis de quarta geração: os biocombustíveis de quarta geração vão mais longe e procuram modificar geneticamente os microrganismos para melhorar a eficiência da captura e armazenamento de CO₂. Estes biocombustíveis também não estão disponíveis comercialmente neste momento, embora existam instalações piloto no Brasil e nos Estados Unidos.
Biocombustíveis: exemplos
Os biocombustíveis avançados podem ser encontrados em diferentes estados: sólido, líquido ou gasoso. Estes são os biocombustíveis mais utilizados atualmente:
Biodiesel
O biodiesel é um combustível renovável e sustentável que é produzido a partir de fontes biológicas, como óleos vegetais e gorduras animais. É frequentemente obtido através de um processo chamado transesterificação, no qual os triglicéridos presentes nos óleos são transformados em ésteres metílicos ou etílicos, que são os principais componentes do biodiesel.
Hidrobiodiesel (HVO)
Este biocombustível, que normalmente tem origem em óleos alimentares usados, pode ser utilizado como complemento do combustível tradicional. De facto, alguns automóveis e camiões, já utilizam este combustível renovável. Este óleo vegetal tratado com hidrogénio tem as vantagens de ser mais eficiente e sustentável ao transformar resíduos orgânicos em combustível e a emissão de gases com efeito de estufa é inferior à do combustível tradicional.
Biogás
O biogás é um tipo de gás renovável que é formado pela decomposição anaeróbica de matéria orgânica, como resíduos agrícolas, estrume, restos de comida e esgotos. Este processo natural liberta metano e dióxido de carbono, sendo o metano o principal componente do biogás. A sua utilização contribui para fechar o ciclo dos resíduos orgânicos e diminuir a dependência dos combustíveis fósseis.
Bioetanol
O bioetanol é um tipo de biocombustível obtido através da fermentação de materiais ricos em açúcares ou amidos, como o milho, a cana-de-açúcar, a beterraba sacarina e outros cultivos agrícolas. Este processo converte os açúcares presentes nestes materiais em etanol, que é o principal componente do bioetanol. O bioetanol é amplamente utilizado como aditivo na gasolina convencional.
Biobutanol
O biobutanol é um tipo de biocombustível avançado obtido através da fermentação de materiais orgânicos, como cultivos energéticos, resíduos agrícolas ou inclusive resíduos florestais. Ao contrário do bioetanol, o biobutanol é um álcool de cadeia mais longa, o que lhe confere propriedades e vantagens únicas em comparação com outros biocombustíveis. Pode ser armazenado e transportado mais facilmente devido à sua maior densidade energética.
Biometano
Uma alternativa sustentável ao gás natural, é conhecido como o gás renovável cuja origem provém do biogás. Ao contrário do biogás, o biometano é mais puro, pelo que pode ser misturado com o gás de convecção e utilizado para gerar eletricidade e calor, bem como para alimentar veículos.
Os biocombustíveis não produzem emissões?
Os biocombustíveis originam emissões, sim. São considerados neutros em carbono, pois, uma vez que a quantidade de emissões é diminuta, durante a sua vida útil, as emissões são capturadas, de uma forma natural. Por isso, diz-se que são neutros em carbono. Por conseguinte, irão desempenhar um papel preponderante na transição energética, principalmente em setores em que a eletrificação não se vislumbra como uma solução.
Biocombustíveis ou mobilidade elétrica? Qual será o futuro?
O futuro dos transportes sustentáveis inclui, muito possivelmente, uma combinação entre biocombustíveis e eletricidade, uma vez que ambos podem ter um papel a desempenhar na redução das emissões de gases com efeito de estufa e da dependência dos combustíveis fósseis. A mobilidade elétrica, alimentada por fontes de energia renováveis, é uma solução promissora para a redução das emissões do setor dos transportes. No entanto, os biocombustíveis continuam a ser importantes, especialmente nas áreas que requerem meios de transporte pesados, como a aviação e o transporte marítimo, onde há ainda muitas barreiras a ultrapassar para a adoção efetiva da eletricidade.
A escolha entre os dois depende de vários fatores, incluindo os avanços tecnológicos, a disponibilidade de infraestruturas e os impactos ambientais. Embora os veículos elétricos estejam a ganhar popularidade, sobretudo no transporte pessoal e ligeiro, os biocombustíveis estão a ser gradualmente adotados como uma opção viável nos setores mais difíceis de eletrificar.
Os biocombustíveis oferecem uma alternativa renovável aos combustíveis fósseis, com potencial para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, aproveitando a infraestrutura já existente. Ou seja, permite uma transição energética gradual e inclusiva, sem deixar para trás os mais desfavorecidos, aqueles que não têm possibilidade de adquirir uma viatura elétrica. Conforme a tecnologia avança e a sociedade se orienta para novas fontes de energia mais sustentáveis, espera-se que tanto os biocombustíveis como a mobilidade elétrica desempenhem um papel significativo na transição para um setor dos transportes mais limpo e sustentável.