Transporte eficientes e sustentáveis estão na ordem do dia. Cada vez mais procurados, são opções que asseguram o equilíbrio do planeta, ao mesmo tempo que respondem às necessidades do mundo moderno. Os carros elétricos, e mais recentemente veículos movidos a combustíveis 100% renováveis, têm sido uma enorme aposta dos fabricantes, no entanto a evolução é rápida e, atualmente, há quem olhe para os carros a hidrogénio como o futuro.
Embora em Portugal ainda sejam uma realidade distante, no centro da Europa e, especialmente, na Ásia começam a ser bastante comuns. Neste artigo, explicamos como funcionam, quais as vantagens e desvantagens e o que os distingue dos carros elétricos.
Como são os veículos a hidrogénio?
Os veículos a hidrogénio, também conhecidos como FCEV (tecnologia Full Cell Electric Vehicle) utilizam o hidrogénio fonte de energia. A energia é produzida pelas em células de combustível, com recurso a hidrogénio, em oposição aos veículos elétricos que utilizam a energia da rede, armazenada nas baterias, normalmente de lítio.
O funcionamento dos veículos a hidrogénio assenta numa célula de combustível, que converte o hidrogénio gasoso e o oxigênio do ar em eletricidade através de reações químicas, que geram vapor de água. Essa eletricidade é usada para alimentar o motor elétrico do veículo.
Dadas as suas características estes carros produzem zero emissões e apresentam um enorme potencial no que se refere a soluções de transporte limpas e sustentáveis. Ainda assim, e apesar das inúmeras vantagens, este tipo de veículos apresenta alguns desafios relacionados com as infraestruturas, custos e eficiência energética.
Assim, a adoção de veículos a hidrogénio dependerá do desenvolvimento contínuo da tecnologia, dos esforços para expandir as infraestruturas de abastecimento e das políticas de apoio em todo o mundo.
Carros movidos a hidrogénio: vantagens e desvantagens
Esta é uma tecnologia em franca expansão que apresenta uma série de vantagens, nomeadamente no que se refere à não emissão de gases poluentes. No entanto, por ainda ser uma tecnologia em desenvolvimento apresenta algumas desvantagens, nomeadamente relacionadas com os custos de aquisição/produção.
Das vantagens dos carros movidos a hidrogénio são de destacar:
- Emissões zero: os FCEVs produzem apenas água como subproduto, o que significa que não emitem poluentes locais, contribuindo para a melhoria substancial da qualidade do ar e promovendo a sustentabilidade do planeta;
- Rápido abastecimento: o abastecimento de hidrogénio é rápido, levando apenas alguns minutos, semelhante ao abastecimento de veículos a gasolina ou diesel, em comparação com os tempos de recarga mais longos de veículos elétricos com baterias (BEVs).
- Autonomia comparável: FCEVs têm uma autonomia comparável a veículos a gasolina ou diesel, normalmente variando de 450 a 600 quilómetros com um único tanque de hidrogénio.
- Menos dependência de baterias: ao contrário dos BEVs, que dependem de grandes baterias de lítio, os FCEVs não sofrem com a degradação da bateria ao longo do tempo, o que pode aumentar a vida útil do veículo e reduzir a poluição na produção.
- Potencial de uso industrial: a tecnologia de células de combustível de hidrogénio tem aplicações em veículos comerciais, como autocarros e camiões, onde a alta autonomia e o rápido reabastecimento podem ser vantajosos.
Apesar das inúmeras vantagens, existem algumas desvantagens que importa realçar:
- Infraestrutura limitada: as infraestruturas de abastecimento de hidrogénio são ainda muito limitadas, o que torna a disponibilidade de hidrogénio um desafio, especialmente fora de áreas urbanas. Para além disso, a construção de estações de abastecimento é dispendiosa e demorada.
- Custos iniciais elevados: os FCEVs costumam ser mais caros para comprar do que veículos movidos a combustíveis fósseis, ou até mesmo do que BEVs. No entanto, os custos estão a diminuir à medida que a tecnologia avança e a produção em massa aumenta.
- Produção de hidrogénio requer energia: a produção de hidrogénio a partir de fontes convencionais envolve, muitas vezes, o uso de combustíveis fósseis, o que pode resultar em emissões de dióxido de carbono, a menos que seja produzido de forma sustentável por meio de eletrólise da água usando energia renovável, porém os custos de produção aumentam exponencialmente desta forma, pelo menos nesta fase.
- Armazenamento e manuseio seguro: o hidrogénio é altamente inflamável e requer cuidados especiais em termos de armazenamento e manuseio, o que pode levantar preocupações de segurança.
Em resumo, os carros a hidrogénio têm vantagens ambientais e o seu reabastecimento é rápido, mas também enfrentam desafios significativos, como a infraestrutura limitada e a eficiência energética inferior. A adoção desses veículos depende do desenvolvimento contínuo da tecnologia, do investimento em infraestrutura de abastecimento e das políticas de apoio em todo o mundo.
Os carros a hidrogénio estão disponíveis no mercado?
Sim, carros movidos a hidrogénio, estão disponíveis no mercado, embora sejam ainda pouco comuns. A sua disponibilidade pode variar significativamente de acordo com a região e o país. Em Portugal a oferta de postos de abastecimento é reduzida, o que dificulta a aquisição deste tipo de veículos. No entanto, prevê-se a instalação contínua de postos de abastecimento em território nacional até 2030. Em todo o mundo existem cerca de 1000 postos de abastecimento, concentrados, essencialmente, no Japão, China, Coreia do Sul e Alemanha.
Carros a hidrogénio ou elétricos?
A escolha entre carros a hidrogénio e carros elétricos depende de várias considerações, não existindo uma resposta única que seja a melhor para todos. Para além disso, o futuro não passa apenas por este tipo de veículos. Os veículos movidos com combustíveis 100% renováveis também têm ganho espaço nos últimos tempos, devido ao desenvolvimento tecnológico, e são hoje uma alternativa que deverá ser considerada para o futuro da mobilidade. Cada tecnologia tem as suas vantagens e desvantagens, e a decisão deve ser baseada em necessidades individuais, preferências e circunstâncias.
Custos operacionais baixos, ampla disponibilidade de postos de recarga e eficiência energética tornam os BEVs bastante atrativos. Em contrapartida, os FCEVs são mais rápidos a carregar, apresentam uma maior autonomia, comparável a carros a diesel e a gasolina. Apesar destes pontos positivos, os carros a hidrogénio apresentam custos de aquisição muito elevados e a inexistência de postos de abastecimento pelo país tornam a sua compra muito pouco apetecível.
A mobilidade está a sofrer enormes alterações. Considerar alternativas limpas e sustentáveis é, cada vez mais, uma prioridade e as alternativas começam também a ser cada vez mais diversificadas.
A decisão entre um carro a hidrogénio e um carro elétrico depende das suas prioridades, da disponibilidade de infraestruturas na sua região e das condições locais. Para a maioria dos consumidores, os carros elétricos (BEVs) são a escolha mais prática e económica, mas os carros a hidrogénio (FCEVs) ainda podem ser uma opção viável, especialmente para aplicações comerciais e em regiões com infraestrutura de hidrogénio bem desenvolvida.